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Resistência a eventos climáticos extremos demanda plantio de 10 bi de mudas no Brasil, diz estudo

Vegetação nativa e de alimentos pode contribuir para prevenir eventos como o do Rio Grande do Sul

Resistência a eventos climáticos extremos demanda plantio de 10 bi de mudas no Brasil, diz estudo
Cidade de Sinimbu, a 240 km de Porto Alegre, foi destruída pela enchente | Foto: Divulgação/Prefeitura de Sinimbu

   CLIMA  ️ Edição/ Aroni Fagundes |20052024

 Segundo informações do Portal de Notícias da CNNBB, a reconstrução do Rio Grande do Sul deveria considerar estruturas mais resilientes a episódios de clima extremo, afirmam especialistas em mudanças climáticas, economia e urbanismo.

A começar pelo plantio de vegetação nativa, combinadas ao plantio de alimentos, para recuperar com urgência 1,165 milhão de hectares em áreas de preservação permanente e reserva legal no estado, já previstas em lei.

Para fazer o plantio e manejo o potencial é de geração de 218 mil empregos só no Rio Grande do Sul. Em todo o Brasil, seriam 5 milhões de novos empregos ao longo de toda a cadeia de valor para o plantio de 10 bilhões de mudas em 12 milhões de hectares — o equivalente à extensão da Inglaterra.

As estimativas são do estudo “Os Bons Frutos da Recuperação Florestal”, do Instituto Escolhas, empresa especializada na interface de temas econômicos e ambientais para propor soluções para os problemas de desenvolvimento do país.

Segundo  Sérgio Leitão, diretor da entidade. “No Rio Grande do Sul, dos 1,165 milhão de hectares que deveriam ser plantados, 500 mil hectares estão nas chamadas matas ciliares, ou seja, nas margens dos rios, nas beiras dos cursos d ‘água, que é exatamente onde se torna mais urgente essa recuperação”, explica.
Outros 650 mil hectares estão em áreas privadas, segundo o estudo.
“A infraestrutura natural retarda a velocidade da água no caso de uma enchente e permite que essa água se infiltre, e, portanto, deixe de virar uma fonte de alagamento”, explica o diretor do Instituto Escolhas.

“A gente defende que essa recuperação das áreas se dê de forma produtiva, usando modelos de consorciamento de vegetação com a produção de alimentos porque isso traz retorno econômico”.
Para isso, será necessário produzir sementes e mudas, formar e contratar profissionais especialistas no plantio e manejo, além de investimento em pesquisas.
“Recuperar florestas é uma oportunidade econômica imensa, com geração de ganhos sociais e ambientais”, conclui.

A oportunidade não vale somente para o Rio Grande do Sul, mas para construir resiliência às mudanças climáticas e desenvolvimento socioeconômico em todo o país.
Só no estado do Pará, por exemplo, a recuperação econômica de áreas desmatadas geraria 1,5 milhão de empregos e permitiria a redução da pobreza em 50%, de acordo com o estudo.

A atividade de recuperar a vegetação nativa é intensiva em mão de obra, especialmente nos três primeiros anos. Combinada à produção de alimentos e à produção madeireira, por exemplo, em sistemas agroflorestais, significa pelo menos 20 anos de manutenção de empregos.

“O Brasil precisa urgentemente entender que o plantio de árvores não significa apenas uma questão ecológica. É uma questão econômica, social, e de preparar o país para esses dias de mudança de clima que infelizmente chegaram da forma mais trágica possível”, alerta o diretor do Instituto Escolhas. Fonte: CNBB(20052024)